O coração é formado por quatro câmaras, dois átrios, na parte superior e dois ventrículos, na parte inferior.
Existe uma espécie de membrana que separa os dois átrios recebendo o nome de septo interatrial.
O Aneurisma do Septo Interatrial (ASI) é caracterizado quando este septo encontra-se abaulado, redundante, sofrendo um deslocamento em direção a um dos átrios de, pelo menos 10mm, ou até mesmo, deslocamento variando de um para o outro átrio (que pode variar conforme as pressões dentro destes átrios) de pelo menos 15mm.
Muitas vezes, vem acompanhado de forame oval patente, um orifício no septo interatrial que não fechou após o nascimento.
Considerado uma anormalidade rara, atualmente, tem tido sua prevalência aumentada devido à melhoria dos métodos diagnósticos, podendo variar de 2% até 10% na população, quando o ecocardiograma transesofágico é usado como método diagnóstico.
Embora possa estar presente desde o nascimento, muitas vezes é diagnosticado na idade adulta e pode passar despercebido até que seja identificado durante um exame de imagem do coração, realizado por outro motivo qualquer.
Sua origem parece incerta, mas acredita-se em uma alteração no tecido conjuntivo que forma o septo, fazendo com que uma parte deste septo atrial fique mais fraca do que o normal e se dilate formando um abaulamento.
Sintomas e complicações do Aneurisma do Septo Interatrial
Quando falamos em aneurismas, normalmente, ocorre uma preocupação, visto que, de maneira geral, os aneurismas podem dissecar e até se romper, podendo levar à morte.
No entanto, diferente de outros aneurismas, o do septo interatrial, por si só, é assintomático, o que significa que não causa sintomas perceptíveis.
A pessoa pode viver com essa condição por muitos anos sem saber que a tem.
Porém, quando associado com outras patologias cardíacas ou ritmos cardíacos anormais, pode apresentar sintomas.
Em alguns casos, saber esse diagnóstico faz diferença, como um AVC (acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como “derrame”) criptogênico, ou seja, sem causa definida.
O aneurisma de Septo Interatrial é Associado a Maior Prevalência de AVC
O AVC pode ter várias causas, porém, quando após uma extensa avaliação não se consegue achar a etiologia (causa), e o paciente é portador de aneurisma do septo interatrial, isso se torna relevante.
Essa importância se dá porque muitos dos aneurismas do septo interatrial podem vir acompanhados de outras patologias, entre elas, o forame oval patente (FOP).
Esse forame é um orifício no septo interatrial essencial na vida intrauterina, no entanto, que se fecha após o nascimento.
Quando isso não ocorre, ele pode servir de conduto para passagem de trombos de um átrio para o outro, podendo estes caírem na corrente sanguínea e chegar até as artérias cerebrais, ocluindo estas e levando ao AVC cardioembólico.
Diagnóstico e tratamento do Aneurisma do Septo Interatrial
O diagnóstico do aneurisma do septo interatrial é feito com base em exames de imagem do coração, sendo o principal, o ecocardiograma.
Abaixo, segue uma lista dos principais testes que podem ser usados:
Exames e testes para Identificação do Aneurisma do Septo Interatrial
O diagnóstico do aneurisma do septo interatrial é feito com base em exames de imagem do coração, sendo o principal, o ecocardiograma.
Abaixo, segue uma lista dos principais testes que podem ser usados:
Exames e testes para Identificação do Aneurisma do Septo Interatrial
Ecocardiografia Transesofágica (ETE): Este é um dos exames mais sensíveis para identificar o aneurisma do septo interatrial. O ecocardiograma transesofágico é um exame no qual um tubo é passado pela garganta até o esôfago, permitindo uma visualização mais próxima e detalhada do coração. Isso é especialmente útil para examinar a estrutura e o funcionamento do septo interatrial, visto que este é uma estrutura fina, que pode ser de difícil visibilidade somente com o ecocardiograma transtorácico, principalmente em adultos, devido a maior circunferencial abdominal, uma vez que esta estrutura é melhor visibilizada através da projeção subcostal (no abdome superior).
Com o ecocardiograma transesofágico, podemos ver detalhes do septo interatrial, entre eles se há abaulamento e fazermos as medidas deste abaulamento e mesmo da amplitude da movimentação do septo, podendo caracterizá-lo em septo interatrial aneurismático ou não.
Podemos, ainda, analisá lo também quanto a sua espessura e morfologia, diagnosticando uma hipertrofia lipomatosa do septo, por exemplo (onde o septo apresenta padrão semelhante a halteres), bem como presença de orifícios ali presentes, como a comunicação interatrial (CIA) e o Forame oval patente (FOP), medindo seus diâmetros e tunelização.
Ecocardiografia Transtorácica (ETT): O ETT é uma técnica não invasiva que usa ondas sonoras para criar imagens do coração (link para o artigo de eco transtorácico). Embora seja menos sensível que a ETE para identificar o aneurisma do septo interatrial, ainda é um bom método diagnóstico, podendo identificar a maioria dos septos aneurismáticos, porém quanto ao detalhamento deste septo, o ecocardiograma transesofágico permanece como exame preferencial. Uma vez feito esse detalhamento com o ecocardiograma transesofágico, pode-se, muitas vezes, manter o acompanhamento com o ecocardiograma transtorácico.
Ressonância Magnética Cardíaca (RMC): A RMC é um exame de imagem que usa campos magnéticos para criar imagens detalhadas do coração. No entanto, o fato de ser de mais alto custo, não ser encontrada tão facilmente em todos os centros, e haver outros métodos de diagnósticos mais indicados (como o ecocardiograma, por exemplo), não é muito usada.
Cateterismo Cardíaco: Este é um procedimento invasivo que pode ser usado quando se suspeita de outras anormalidades cardíacas associadas que são melhor avaliadas por este método.
A escolha do exame apropriado dependerá de vários fatores, incluindo a saúde geral do paciente, a presença de sintomas e a disponibilidade dos exames.
Opções de Tratamento e Cuidados Cardíacos
Por si só, não há necessidade de tratamento para o aneurisma do septo interatrial.
Esse tratamento só será necessário se houver outras patologias associadas, e a depender também, se estas patologias estão ou não causando sintomas, ou alterações cardíacas.
No caso de aneurisma do septo interatrial associado a forame oval patente, há um risco potencial de embolia paradoxal. Pacientes com histórico de AVC e portadores dessa associação devem ter o tratamento personalizado, podendo ser utilizado desde terapia anticoagulante até procedimentos para o fechamento do forame oval.
Como sempre, as decisões sobre o tratamento devem ser tomadas em uma discussão entre o paciente e seu médico, levando em consideração os benefícios e riscos potenciais de cada opção.
Para uma avaliação cardíaca minuciosa, vários exames podem ser pedidos, entre eles, o ecocardiograma.
Com este exame, várias características das estruturas cardíacas podem ser avaliadas e contextualizadas para o paciente.
Uma alteração morfológica comum e sem importância pode se tornar relevante diante de um quadro clínico ainda não explicado.
Perguntas Frequentes sobre Aneurisma do Septo Interatrial
1. O que é um Aneurisma do Septo Interatrial?
Um aneurisma do septo interatrial (ASI) é uma anormalidade do coração onde uma parte do septo atrial se projeta para o átrio direito ou esquerdo, criando uma protuberância. É uma condição geralmente congênita, mas muitas vezes só é descoberta na idade adulta.
2. Quais são os sintomas do Aneurisma do Septo Interatrial?
Nenhum, se for apenas aneurisma do septo interatrial.No entanto, alguns pacientes portadores de septo interatrial aneurismático podem apresentar sintomas de acordo com outras patologias associadas, podendo apresentar:
Falta de ar;Fadiga;Palpitações;Tontura;Dor no peito.
3. Como é diagnosticado o Aneurisma do Septo Interatrial?
O diagnóstico de ASI é geralmente feito via um exame chamado ecocardiograma, que utiliza ondas sonoras para criar imagens do coração. O médico pode ver a protrusão no septo atrial e fazer o diagnóstico
4. Qual é o tratamento para o Aneurisma do Septo Interatrial?
O tratamento para o ASI pode variar dependendo dos sintomas do paciente e da gravidade da condição. Geralmente, não é necessário tratamento. Em outros, pode ser necessário medicamento ou mesmo cirurgia.
5. O Aneurisma do Septo Interatrial pode levar a complicações?
O ASI pode levar a complicações na associação com outras patologias, sendo importante, principalmente em casos de AVC sem causa definida. No entanto, a maioria das pessoas com ASI leva uma vida normal e saudável.
6. Qual é a prevalência do Aneurisma do Septo Interatrial?
A prevalência do ASI pode variar de 2%, podendo chegar a 9% na população geral, se utilizado o ecocardiograma transesofágico para o diagnóstico. No entanto, é mais comum em pessoas com certos tipos de defeitos cardíacos congênitos.
7. Quem está em risco de desenvolver Aneurisma do Septo Interatrial?
O risco de desenvolver ASI é maior em pessoas com história familiar da doença ou com certos tipos de defeitos cardíacos congênitos. No entanto, em muitos casos, a causa do ASI é desconhecida.
8. O Aneurisma do Septo Interatrial é hereditário?
Não há evidências conclusivas de que o ASI seja hereditário. No entanto, parece ser mais comum em pessoas com certos tipos de defeitos cardíacos congênitos.
9. É possível prevenir o Aneurisma do Septo Interatrial?
Não há maneiras conhecidas de prevenir o ASI, pois geralmente é uma condição congênita. No entanto, é importante a gestante manter uma vida saudável para evitar fatores externos que favoreçam o desenvolvimento de doenças congênitas.
10. Existe alguma pesquisa recente sobre Aneurisma do Septo Interatrial?
Pesquisas estão em andamento para entender melhor o ASI e desenvolver tratamentos mais eficazes. Atualmente, os estudos estão focados em entender a genética da doença e em desenvolver novas técnicas cirúrgicas.
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Dra. Taisa Tavares de Andrade
Dra. Taisa Tavares de Andrade é médica especialista em Cardiologia e Ecocardiografia, com uma carreira distinta e ampla formação acadêmica. Ela atua em Ribeirão Preto, São Paulo, e possui várias certificações em sua área de especialidade. CRM: 118467
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